Quer saber de uma coisa? Tudo pode ser bom, ruim e principalmente assim  assim. Tudo ao mesmo tempo ou não, e não necessariamente nessa ordem.  Bom é chegar na praia à tardinha, anuncio de por de Sol, a água de ondas  mansinhas. Jogar bola na espuma e sob o céu encaixa como se fora  Tafaréu. É bom também quando começa a chover e as gotas fazem cócegas na  superfície do mar. Como se um cardume infinito prometesse matar a fome  de todo o Vidigal, Rocinha, Cidade de Deus e Vigário Geral. Ruim é  lembrar daquele amigo que de prancha na mão morreu de um beijo roubado  de um raio, da lembrança a correria. O medo... o medo... medo é bom,  ruim é o medo de ter medo! Bom voltar trocar chuva por chopp e passar  atrás da pelada. A bola vai pra fora e como na crônica de Rubem Braga  sobra pra você. Que mata no peito faz embaixadinha e devolve redondo...  Num chute perfeito. Ruim é a fisgada na coxa sair mancando  disfarçadamente. A vergonha de ta decadente não é ruim, ruim é o orgulho  que se nega a reconhecer a decadência. É bom a cidade estranha em que  você nunca esteve e sabe que nunca mais vai voltar. E nesse lugar você  tem uma obrigação sem graça que cumpre com estilo e precisão traçando um  dia perfeito no arco do tempo. Quando cai a noite é bom tomar um banho e  sob o chuveiro é bom sentir saudade, ruim é não ter saudade, e como é  bom sair sem direção pelas ruas da cidade pensando no que você fez da  sua vida e no que a vida fez em você. Bom é sonhar, realizar não é tão  bom, mas ruim mesmo é não realizar. O fim de um grande amor é muito,  muito ruim, um grande amor não tem fim! Bom é amar, ruim é amar... Bom é  encarar a vida com fantasia. Quando um poeta desaparece é bom colocar  chapéu de Bogar que tudo pode solucionar. Ruim é encontrar o precipício,  morrer não deve ser tão ruim assim. E pode ser bom falar sobre bom e  ruim, e pode ser pior assim assim... Bom."
 
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